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sábado, 19 de dezembro de 2015

Como o ser humano é "inocente"!

Como o ser humano é “inocente”!

            Sendo humano, em muitas ocasiões já me comportei como “inocente”.

            Assistindo ao telejornal vi que, em algum lugar do planeta, pessoas se reuniram, estando com máscaras no rosto e portando imitações de sabres de luz, comemoravam o lançamento da mais nova versão do filme Star Wars – O despertar da força. Isso, um dia após eu ter ido assistir ao filme, não por um desejo próprio, mas para acompanhar, a esposa que se declara fissurada na série e ao neto dela, que ela achou por bem dar a ele a chance de ver o filme no segundo dia após a estreia mundial, feita com estrépito. Vi o filme e, sinceramente, não acrescentou nada em minha “inocente” personalidade.

          Dia seguinte de madrugada, anúncio de que ia passar na tevê o filme: Hitchcock. Meu interesse em assisti-lo foi logo despertado, pois apesar de estreado há certo tempo, não o tinha visto ainda. Fiquei muito bem impressionado com a personalidade do Diretor. E, consegui desfazer uma falsa imagem que me foi passada dele, de que era mulherengo e se aproveitava das atrizes para conceder-lhes o papel. Assunto este, explorado no programa Fantástico – da TV Globo -, que pode muito bem ter sido tendencioso. Difícil saber.

            Hitchcock (o filme) tratou especificamente da história de como ele fez seu filme mais famoso: Psicose. Um fragmento da biografia de Hitchcock, abrangendo apenas o momento do desejo de fazer mais um filme em sua carreira; conseguir mais dinheiro para continuar pagando suas contas pessoais; e convencer a empresa de cinema em acreditar no sucesso, comprometendo-se esta que o filme seria mostrado ao público. Árdua batalha vencida passo a passo pelo gênio da comunicação. Chamou-me bastante a atenção, a parte da fiscalização dos bons costumes, exercida pelo órgão governamental quanto ao filme. Esta não estava permitindo mostrar a cena do esfaqueamento no box do banheiro, feita com maestria pelo Diretor. Inclusive, chamou-me a atenção a cena, porque ele fez questão de dizer que não haveria um fundo musical na cena, apenas ruídos apropriados à ela. Aí entrou a habilidade do Diretor. Pediu uma conversa em particular com o fiscal dos bons costumes e disse a ele que as cenas de amor, iniciais do filme, seriam feitas exatamente como o fiscal houvera determinado, inclusive dando a ele a chance de ajudar da dirigir tais cenas. Sapecou uns elogios à atividade do fiscal, elevando o seu moral, e tudo o mais do filme ficou mil maravilhas.

            Como o ser humano é inocente!

(Malfatti, Antonio Roberto)

Um comentário:

Professora, ex. disse...

Tomara fôssemos nós um pouquinho do gênio que foi Hitchcock, e assim, poderíamos cooptar com alguém que se impusesse contra nossas idéias, contra nossa vida até. Nos tornaríamos inocentes amigos, conquistaríamos o outro, e alcançaríamos nossos objetivos. Aquela coisa de visar os fins, mesmo tendo que "sacrificar" os meios, às vezes. Dependendo dos "meios" e dos "fins", isso até que seria inteligente. Mas o problema é este: não somos todos, gênios como este.
Jacira.